⚽Copa Libertadores da América 2025 – 3° Fase – 5° rodada (ida) – Barcelona (EQU) 3×0 Corinthians

Desastre em Guayaquil: Corinthians é atropelado pelo Barcelona e vê sonho da Libertadores escapar

Na noite desta quarta-feira, o Corinthians deu um passo largo — e preocupante — rumo à eliminação precoce na Copa Libertadores. Atuando no Estádio Monumental de Guayaquil, no Equador, pela partida de ida da terceira fase da Pré-Libertadores, o Timão foi completamente dominado pelo Barcelona de Guayaquil e saiu derrotado por **3 a 0**, em uma atuação que beirou o vexatório.

Mais do que o placar elástico, o que preocupa é a maneira como o time comandado por Ramón Díaz se comportou ao longo dos 90 minutos. Desorganizado, sem intensidade, com escolhas duvidosas e postura passiva, o Corinthians deixou o campo dando a impressão de um time sem rumo — tanto taticamente quanto emocionalmente. A volta, marcada para a próxima semana em Itaquera, exigirá um milagre. E, neste momento, nada indica que esse milagre seja possível.

Um primeiro tempo inofensivo — até a queda inevitável

A escalação inicial de Ramón Díaz já dava sinais de que a cautela era o plano principal. Com o retorno do esquema com três zagueiros — Félix Torres, Gustavo Henrique e Tchoca — e sem José Martínez, poupado por desconforto, o Corinthians iniciou com um meio-campo que se mostrou desorganizado e pouco criativo: Alex Santana, Breno Bidon e Rodrigo Garro não conseguiram dar fluidez ao jogo.

Durante boa parte da primeira etapa, o Barcelona teve o controle territorial, com mais posse e presença no campo ofensivo, ainda que sem grandes chances claras. O Corinthians, por sua vez, não conseguia construir. Dependia das escapadas de Matheuzinho e de lampejos de Garro, que, por sinal, perdeu excelente chance de acionar Yuri Alberto em um contra-ataque promissor aos 18 minutos.

A letargia corinthiana se transformou em punição já nos acréscimos da primeira etapa. Aos 45 minutos, João Pedro Tchoca — zagueiro promovido à titularidade de forma questionável — chegou atrasado em Carabalí e cometeu um pênalti infantil. Na cobrança, Corozo deslocou Hugo Souza e abriu o placar: 1 a 0.

Substituições sem efeito e descontrole tático

Na volta do intervalo, o treinador argentino tentou corrigir sua escolha inicial. Sacou Tchoca e Félix Torres para as entradas de André Ramalho e André Carrillo, alterando também a formação. Mas o efeito foi nulo. O Corinthians voltou igualmente sonolento, sem conseguir acelerar o jogo e, mais grave, vulnerável defensivamente.

Aos 13 minutos, Gustavo Henrique teve que intervir em um contra-ataque puxado por Corozo, um dos destaques do jogo, após erro na saída de bola. O sistema defensivo do Timão, completamente exposto, cedia espaços em demasia, especialmente pelos lados. Era questão de tempo até o Barcelona ampliar.

Ramón ainda tentou dar sangue novo com Maycon e Romero. E, por um breve momento, o Corinthians quase empatou. Aos 19 minutos, Breno Bidon foi bem pela esquerda e cruzou para Depay, que dominou e finalizou de bico, mas em cima do goleiro Contreras. Foi a melhor chance do Corinthians em toda a partida. E foi também o último lampejo de esperança.

Goleada consumada e revolta contida

O castigo veio aos 35 minutos. Após jogada rápida pelo lado direito, Carabalí cruzou rasteiro para Rivero, que se antecipou a André Ramalho e finalizou com precisão: 2 a 0. O lance escancarou a fragilidade defensiva corinthiana e o total descompasso entre os setores da equipe.

O terceiro gol veio pouco depois, aos 39. Em bola rebatida dentro da área, Corozo apareceu livre e tocou na saída de Hugo Souza, que ainda tentou o desvio, mas não conseguiu evitar mais uma bola na rede. Era o 3 a 0 que não apenas consolidava a vitória equatoriana, mas simbolizava o abismo entre as duas equipes em campo.

O Corinthians tentou uma pressão final, mais na base do desespero do que da organização. Maycon até acertou a trave em chute forte, mas foi pouco. Muito pouco. O apito final selou uma das piores atuações recentes do clube em competições internacionais.

Diagnóstico de uma crise: sem padrão, sem garra, sem comando

É impossível analisar a partida sem mencionar a falta de postura do time. O Corinthians não competiu. Não houve intensidade, marcação coordenada, transição eficiente, bola parada ensaiada. Nada. O time parecia um amontoado de jogadores, todos em má fase, tentando reagir a um jogo que nunca esteve sob seu controle.

A insistência de Ramón Díaz em montar esquemas que não se sustentam em campo, somada à fragilidade de nomes como Tchoca, Gustavo Henrique e até mesmo Garro, que vem oscilando bastante, escancara uma equipe mal treinada. A ausência de José Martínez pesou, mas não justifica o colapso coletivo.

A entrada de Memphis Depay — nome de peso e esperança ofensiva — também deixou a desejar. Em sua principal chance, finalizou mal. Fora isso, foi um espectador privilegiado da apatia corinthiana. Yuri Alberto, mais uma vez, ficou isolado e pouco participou.

A base, que deveria entrar com fome e intensidade, parece estar sendo queimada aos poucos. Breno Bidon, um dos poucos que tentou algo diferente, se viu engolido por um meio-campo adversário mais organizado e combativo. E os laterais, outrora importantes na construção, foram figurações inofensivas.

Situação dramática e exigência de resposta

A derrota por 3 a 0 obriga o Corinthians a vencer por pelo menos três gols de diferença na Neo Química Arena para levar a decisão aos pênaltis. Para se classificar diretamente, precisaria de um 4 a 0. A missão é quase impossível — e não apenas pelo placar.

O time, do jeito que está, não inspira confiança alguma. Mais do que reverter o resultado, o Corinthians precisa reencontrar seu espírito. E isso não se faz em uma semana, principalmente com um elenco desnorteado e um técnico cada vez mais pressionado.

O torcedor, já calejado por decepções recentes, tem todo o direito de se revoltar. Não se trata apenas de perder um jogo. Trata-se da forma como se perde. Da falta de reação. Da ausência de alma. Do descaso tático. O Corinthians não foi superado. Foi atropelado. E, o pior, aceitou o atropelo sem reagir.

Com essa exibição melancólica, o Corinthians não apenas comprometeu sua permanência na Libertadores — colocou em xeque a confiança em um projeto técnico que, até agora, só coleciona dúvidas e frustrações. A volta será em Itaquera, mas a reconstrução precisa começar agora. E não se faz com discursos vazios, mas com atitude.

Ficha técnica

Competição: Copa Conmebol Libertadores da América
Local: Estádio Monumental Isidro Romero Carbo, Guayaquil, Equador
Data: 05 de março de 2025 (quarta-feira)
Horário: 21h30 (de Brasília)
Árbitro: Dario Herrera
Assistentes: Gabriel Chade e Maximiliano del Yeso
Árbitro de vídeo: Silvio Trucco
Gols: Corozo (duas vezes) e Rivero (Barcelona de Guayaquil)
Cartões amarelos: Leonai Almeida e Corozo (Barcelona de Guayaquil); Hugo Souza, Félix Torres, Gustavo Henrique e Hugo Farias (Corinthians)

BARCELONA DE GUAYAQUIL: Contreras; Carabalí, Rangel, Vallecilla, Arreaga, Arroyo, Leonai Almeida (Vargas), Corozo (Chalá), Valiente (Cortez), Oyola (Quiñónez) e Rivero (Caicedo).
Técnico: Segundo Castillo

CORINTHIANS: Hugo Souza; Matheuzinho, Félix Torres (André Carrillo), Gustavo Henrique, João Pedro Tchoca (André Ramalho) e Hugo Farias; Alex Santana (Maycon), Breno Bidon e Rodrigo Garro (Romero); Memphis Depay (Talles Magno) e Yuri Alberto.
Técnico: Ramón Díaz

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