Corinthians evita vexame na Neo Química Arena, vence Universidad Central no fim e segue vivo na Libertadores
Com atuação preocupante, erros defensivos e sofrimento até os minutos finais, equipe paulista supera limitações e conta com Yuri Alberto decisivo para garantir classificação à terceira fase da pré-Libertadores
A noite desta quarta-feira (10) foi de tensão e alívio para os torcedores do Corinthians na Neo Química Arena. Em jogo válido pela segunda fase da pré-Libertadores, o Timão venceu a Universidad Central, da Venezuela, por 3 a 2, e garantiu vaga na terceira etapa do torneio continental. Apesar da vitória, o desempenho da equipe gerou preocupação e inconformismo, especialmente pela forma como o jogo se desenrolou.
O time comandado por Ramón Díaz chegou a abrir o placar com menos de um minuto, viu o adversário empatar logo depois e sofreu até o final da partida para assegurar a vitória. Yuri Alberto, autor de dois gols – incluindo o decisivo aos 43 minutos do segundo tempo – foi o nome do jogo e evitou o que poderia ter sido um vexame histórico diante de um adversário tecnicamente muito inferior.
Com o resultado, o Corinthians enfrentará o Barcelona de Guayaquil, do Equador, pela terceira fase da pré-Libertadores. O jogo de ida está previsto para o dia 5 de março, fora de casa. Antes disso, o Timão volta suas atenções para o Campeonato Paulista, onde encara o Mirassol neste domingo (13), em duelo decisivo pelas quartas de final da competição estadual.
Um início promissor e um susto imediato
A partida começou de forma eletrizante. Logo no primeiro minuto, o Corinthians mostrou intensidade e movimentação. Após uma troca de passes envolvente, Carrillo avançou pela direita, levou até a linha de fundo e cruzou com precisão para Yuri Alberto, que se antecipou à zaga venezuelana e empurrou para o fundo das redes.
No entanto, essa tranquilidade durou pouco. Três minutos depois, a Universidad Central aproveitou o espaço deixado por Matheus Bidu, que falhou na marcação, e Zapata cruzou rasteiro para Cuesta empatar. A zaga corinthiana observou, estática, o atacante venezuelano completar para o gol.
Erros que se acumulam, tensão que cresce
O Corinthians não conseguiu assimilar o golpe do empate. Tentando acelerar o jogo, a equipe passou a cometer erros frequentes na saída de bola e na recomposição. A Universidad Central, mesmo com recursos limitados, passou a criar perigo.
Hugo Souza teve que fazer grande defesa após cabeçada de Zapata. Já André Ramalho perdeu gol inacreditável de voleio, com o goleiro fora de posição. A instabilidade emocional era visível, e a pressão da torcida crescia a cada minuto.
Aos 25 minutos, uma confusão acirrou ainda mais os ânimos. O lateral Kendrys Silva foi atingido por um copo d’água vindo da arquibancada ao comemorar o gol e caiu no gramado. Hugo Souza tentou apressar a reposição, gerando um empurra-empurra que só foi contido com intervenção da arbitragem.
Bidu marca, mas nova falha custa caro
Aos 32 minutos, o Corinthians voltou a ficar em vantagem. Memphis dominou na meia-lua, protegeu bem a bola e serviu Matheus Bidu, que subia em velocidade. O lateral dominou e bateu cruzado, marcando o segundo gol da equipe.
No entanto, a vantagem durou pouco. Em escanteio cobrado por Solé, Hugo Souza saiu mal do gol e Adrián Martínez apareceu livre para empatar de cabeça. Mais uma vez, a defesa corinthiana falhava de forma grosseira, gerando apreensão nas arquibancadas.
Desperdícios e um herói no fim
No segundo tempo, o Corinthians foi ao ataque com mais volume, mas pecou nas finalizações. Memphis desperdiçou pelo menos duas boas chances, enquanto Yuri Alberto também falhou em momentos decisivos.
A Universidad Central, por sua vez, quase marcou em chute forte de Kendrys Silva que desviou em Hugo Souza e acertou a trave. O clima no estádio era de apreensão total.
Quando o empate parecia definido, brilhou novamente a estrela de Yuri Alberto. Aos 43 minutos, o atacante iniciou jogada no meio-campo e acionou Rodrigo Garro. O argentino devolveu e Yuri bateu de primeira, marcando um golaço e selando a classificação alvinegra.
Reações, lições e caminho pela frente
Apesar da classificação, o sentimento é de alerta máximo. O Corinthians apresentou fragilidades evidentes diante de um adversário modesto, e o desempenho defensivo, mais uma vez, preocupou.
Ramón Díaz terá muito trabalho para corrigir problemas recorrentes no setor defensivo, nas finalizações e na postura coletiva da equipe. O Timão ainda busca uma identidade sólida em 2024, e as falhas se tornam cada vez mais difíceis de ignorar diante da pressão crescente da torcida.
A vitória manteve vivo o sonho da fase de grupos da Libertadores, mas os erros não podem ser ignorados. Contra o Barcelona de Guayaquil, qualquer vacilo poderá custar caro.
Próximos compromissos
- Libertadores: Corinthians enfrenta o Barcelona de Guayaquil na terceira fase. Ida em 5 de março, no Equador.
- Paulistão: Corinthians x Mirassol, neste domingo (13), às 18h30, pela quartas de final. Jogo único na Neo Química Arena.
O Corinthians venceu, mas não convenceu. A classificação heroica de Yuri Alberto esconde uma atuação repleta de falhas e decisões equivocadas. Se quiser avançar à fase de grupos da Libertadores e competir em alto nível ao longo da temporada, o time precisará mostrar mais consistência, foco e equilíbrio.
O alerta foi dado. Resta saber se será ouvido.
Competição: Copa Conmebol Libertadores da América
Local: Neo Química Arena, São Paulo, SP
Data: 26 de fevereiro de 2025 (quarta-feira)
Horário: 21h30 (de Brasília)
Árbitro: Wilmar Roldán
Assistentes: Richard Ortiz e David Fuentes
Árbitro de vídeo: Keiner Jimenez
Gols: Matheus Bidu, Yuri Alberto (duas vezes) (Corinthians); Adrián Martínez e Juan Manuel Cuesta (Universidad Central)
Cartões amarelos: José Martínez, Rodrigo Garro e Yuri Alberto (Corinthians); Kendrys Silva, Yohan Cumana, Juan Camilo Zapata e Samuel Sosa (Universidad Central)
Público: 44.964 torcedores
Renda: R$ 2.857.071,20
CORINTHIANS: Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho, João Pedro Tchoca e Matheus Bidu (Hugo Farias); José Martínez, Breno Bidon (Romero), André Carrillo (Talles Magno) e Rodrigo Garro; Yuri Alberto e Memphis Depay (Alex Santana).
Técnico: Ramón Díaz
UNIVERSIDAD CENTRAL: Miguel Silva; Kendrys Silva, Adrián Martínez (Geremías Meléndez), Alfonso Simarra e Yohan Cumana (César Magallán); Alexander Gonzales, Francisco Solé e Juan Camilo Zapata (Daniel Carrillo); Alexander Granko (Samuel Sosa), Juan Manuel Cuesta (Yeiber Murillo) e Charlis Ortíz.
Técnico: Daniel Sasso