Corinthians domina, cria quase 30 chances, mas é derrotado pela Ponte Preta e se complica no Paulistão
Na noite deste domingo, na Neo Química Arena, o Corinthians voltou a protagonizar um enredo amargo para sua torcida: um desempenho dominante, com ampla superioridade técnica e estatística, mas sem o resultado esperado. Em confronto válido pela 10ª rodada do Campeonato Paulista, o Timão foi derrotado pela Ponte Preta por 1 a 0, complicando ainda mais sua situação no torneio estadual.
Com impressionantes 80% de posse de bola e 29 finalizações ao longo dos 90 minutos, o Corinthians fez tudo o que pôde para sair com os três pontos. No entanto, esbarrou em sua própria ineficiência ofensiva e na grande atuação do goleiro Pedro Rocha, da Ponte Preta. A equipe visitante, por sua vez, foi letal nas poucas vezes em que chegou ao ataque: em um dos cinco chutes que deu na partida, marcou o único gol do jogo, aos cinco minutos do primeiro tempo, com Iago Dias.
O resultado deixa o Corinthians em uma situação dramática no Grupo C do Paulistão. Com apenas 10 pontos conquistados, o time comandado por António Oliveira permanece na última posição da chave, atrás de Red Bull Bragantino, Inter de Limeira e Mirassol.
Para avançar às quartas de final, o Timão terá de vencer os dois jogos restantes e ainda torcer por uma combinação de resultados favoráveis.
Primeiros minutos: domínio sem eficácia
A partida começou com o Corinthians assumindo o controle das ações desde o apito inicial. Logo aos três minutos, Maycon avançou pela esquerda e tentou acionar Yuri Alberto, mas foi interceptado no momento do passe. Parecia o prenúncio de uma noite ofensiva intensa — e de fato foi. No entanto, o gol veio do outro lado.
Aos cinco minutos, a Ponte Preta cobrou falta pela esquerda com Elvis. Carlos Miguel afastou mal, e Iago Dias, bem posicionado, aproveitou o rebote para marcar de cabeça, encobrindo o goleiro corinthiano e silenciando a Neo Química Arena.
Mesmo atrás no placar, o Corinthians não se abateu e seguiu pressionando. Aos 13 minutos, Rodrigo Garro quase empatou após belo giro na entrada da área e finalização rasteira. A bola passou rente à trave.
O volume de jogo aumentava, mas o gol teimava em não sair. Romero, Wesley, Gustavo Henrique e até Félix Torres tiveram oportunidades claras. Aos 39 minutos, Romero cabeceou com perigo após escanteio, mas Risso salvou em cima da linha. No último lance do primeiro tempo, Wesley cruzou para o paraguaio, que se jogou de peixinho e mandou para fora.
Segundo tempo: pressão total, mas sem gol
Na volta do intervalo, o Corinthians intensificou a pressão. Rodrigo Garro arriscou de longe logo no primeiro minuto. Aos três, Yuri Alberto teve grande chance de cabeça, mas a bola saiu pela linha de fundo. A Ponte recuava cada vez mais, formando uma linha de cinco defensores e tentando sobreviver.
Garro, Rojas, Raniele, Romero e Wesley criaram chances por todos os lados. A Ponte jogava apenas para se defender e afastar o perigo como podia. Aos 17, um lance polêmico: Matías Rojas caiu na área e pediu pênalti. O árbitro ignorou o lance e mandou o jogo seguir, sob protestos da torcida.
Aos 22, Rojas arriscou chute forte de fora da área após rebote, mas a bola saiu pela linha de fundo. A essa altura, António Oliveira já havia desmontado o setor defensivo, tirando Gustavo Henrique, Fagner e Hugo para colocar jogadores mais ofensivos. A equipe ficava exposta, mas precisava desesperadamente do gol.
Nos minutos finais, Pedro Rocha se tornou o herói da Ponte. O goleiro fez defesas importantes, sobretudo aos 40, quando espalmou um chute forte de Gustavo Silva. Aos 46, Félix Torres subiu mais alto que todos em cobrança de escanteio e quase empatou, mas a bola passou rente à trave.
E no último lance da partida, em nova cobrança de escanteio, Félix novamente ganhou da marcação e cabeceou firme. A bola explodiu no travessão. O grito da torcida ficou entalado na garganta. Era o símbolo da frustração de um time que dominou completamente o jogo, mas saiu derrotado.
Situação no Paulistão
Com a derrota, o Corinthians estaciona nos 10 pontos e vê sua classificação às quartas de final se tornar improvável. O time está quatro pontos atrás do Mirassol, terceiro colocado do Grupo C, e cinco atrás da Inter de Limeira, que ocupa a segunda posição.
Além de vencer os dois jogos restantes (contra Santo André e Água Santa), o Corinthians precisará torcer por tropeços de pelo menos dois rivais diretos. A vaga, que já parecia difícil, agora beira o milagre.
Próximos compromissos
O próximo desafio do Corinthians será no sábado, 2 de março, às 16h, novamente na Neo Química Arena, contra o Santo André, lanterna do Paulistão. Será a 11ª rodada da fase de grupos, e o Timão entrará em campo sob forte pressão, com a obrigação de vencer para manter viva a esperança de classificação.
Reações e clima no clube
Após o apito final, o semblante dos jogadores do Corinthians refletia a frustração de mais uma partida em que o desempenho não se converteu em resultado. No banco, António Oliveira mostrava indignação com as chances perdidas e a atuação da arbitragem.
Na coletiva, o treinador admitiu a decepção, mas destacou o volume ofensivo da equipe. “Tivemos uma atuação superior, criamos inúmeras oportunidades. Mas o futebol é assim: quem marca, vence. Eles fizeram e nós não”, disse António.
A pressão sobre o elenco e a comissão técnica aumenta. Torcedores, nas arquibancadas e nas redes sociais, criticaram a falta de efetividade, a atuação apagada de alguns jogadores e a postura do clube no mercado de transferências.
Abaixo as estatísticas do jogo e o tamanho da incompetência do Corinthians
- Posse de bola: Corinthians 80% x 20% Ponte Preta
- Finalizações: Corinthians 29 x 5 Ponte Preta
- Escanteios: Corinthians 11 x 2 Ponte Preta
- Defesas do goleiro: Pedro Rocha (PON) – 8
- Faltas cometidas: Corinthians 12 x 16 Ponte Preta
- Passes certos: Corinthians 612 x 151 Ponte Preta
A derrota para a Ponte Preta resume bem o momento do Corinthians no Campeonato Paulista: muita posse de bola, enorme volume de jogo, mas pouca eficácia e resultados decepcionantes.
A pressão aumenta sobre o técnico António Oliveira e o elenco, que agora precisam de duas vitórias seguidas e uma combinação improvável de resultados para evitar uma precoce eliminação no estadual. O torcedor, cada vez mais impaciente, cobra atitude e mudança urgente de postura.
Ficha técnica
Competição: Campeonato Paulista
Local: Neo Química Arena, São Paulo, SP
Data: 25 de fevereiro de 2024 (domingo)
Horário: 20h00 (de Brasília)
Árbitro: Matheus Delgado Candançan
Assistentes: Neuza Inês Back e Ítalo Magno de Paula Andrade
Árbitro de vídeo: Rodrigo Gomes Paes Domingues
Gol: Iago Dias (Ponte Preta)
Cartões amarelos: Gustavo Henrique e Maycon (Corinthians); Igor Inocêncio, Léo Naldi, Jeh e Luiz Felipe (Ponte Preta)
Público: 41.118 pagantes (público total: 41.375)
Renda: R$ 2.339.123,50
CORINTHIANS: Carlos Miguel; Fagner (Matheus França), Félix Torres, Gustavo Henrique (Matías Rojas), Hugo (Gustavo Silva), Raniele, Maycon, Rodrigo Garro, Wesley (Biro), Romero (Pedro Henrique) e Yuri Alberto.
Técnico: António Oliveira
PONTE PRETA: Pedro Rocha; Igor Inocêncio, Mateus Silva (Edson), Castro, Nilson Jr, Gabriel Risso, Léo Naldi, Ramon (Emerson Santos), Elvis (Luiz Felipe), Iago Dias (Renato) e Jeh.
Técnico: Brigatti