⚽Campeonato Paulista 2024 – 9° rodada – Grupo C – Palmeiras 2×2 Corinthians

Corinthians busca empate heroico com dois a menos e zagueiro no gol em Dérbi eletrizante

Na base da raça, Corinthians supera atuação apagada, expulsão de Cássio, lesão de Yuri Alberto e garante empate heróico por 2 a 2 diante do Palmeiras em Barueri

A noite deste domingo (data), na Arena Barueri, ficará marcada como uma das mais épicas da história recente do Corinthians. Em um Dérbi que parecia fadado à derrota, com o time dominado, desorganizado e apático durante boa parte da partida, o Timão encontrou forças no limite da resistência para arrancar um empate heroico por 2 a 2 diante do Palmeiras, em clássico válido pela 9ª rodada do Campeonato Paulista.

Mesmo jogando mal, sofrendo com a forte marcação do rival e vendo Cássio ser expulso nos minutos finais — o que obrigou o zagueiro Gustavo Henrique a assumir a meta — o Corinthians não se entregou. Reduziu o placar com Yuri Alberto aos 42 do segundo tempo, perdeu seu centroavante por lesão logo em seguida e, com dois jogadores a menos, achou o empate em uma pintura de Rodrigo Garro, aos 52 minutos. Um final de jogo carregado de drama, superação e entrega que emocionou a torcida alvinegra.

O resultado, no entanto, mantém o clube em situação delicada no estadual. O Timão chegou aos 10 pontos no Grupo C e segue atrás de Red Bull Bragantino (15), Mirassol (14) e Inter de Limeira (13, com um jogo a menos). Restando três rodadas, apenas os dois primeiros avançam às quartas de final, o que torna cada jogo restante uma verdadeira decisão.

Primeiro tempo: desorganização, erros e domínio alviverde

O Corinthians entrou em campo com apenas uma alteração na equipe titular: Fausto Vera substituiu Maycon, vetado por conta de um incômodo na coxa esquerda. O técnico António Oliveira, estreando em clássicos, apostou na manutenção da estrutura que vinha tentando consolidar.

Mas desde os primeiros minutos, a superioridade do Palmeiras ficou evidente. O Timão não conseguia trocar passes, perdia duelos individuais e cometia erros seguidos na saída de bola. Endrick, veloz e inspirado, dava trabalho à zaga alvinegra. Aos 17, Flaco López teve chance clara após belo passe do jovem atacante, mas desperdiçou.

Apesar de algumas escapadas pela esquerda com Wesley, o Corinthians mostrava pouca criatividade e nenhuma consistência defensiva. A cada tentativa de avançar, deixava espaços generosos na recomposição, o que permitia ao time de Abel Ferreira ameaçar constantemente a meta de Cássio.

Aos 43 minutos, o castigo veio. Zé Rafael encontrou Endrick na entrada da área, que se livrou de Fausto Vera com facilidade e bateu rasteiro. Cássio ainda tocou na bola, mas não conseguiu evitar o gol. Justo: 1 a 0 para o Palmeiras.

Nos acréscimos, o rival ainda teve duas novas chances, mas Cássio salvou. O primeiro tempo terminou com uma sensação amarga para os alvinegros, que viam mais uma atuação frágil e pouco inspirada diante do maior rival.

Segundo tempo: mudanças, novo golpe e reviravolta épica

O técnico António Oliveira voltou do intervalo com Matheus França na vaga de Fagner, mas o panorama da partida seguiu inalterado: o Corinthians errava passes, se desorganizava taticamente e sofria com a velocidade e a triangulação do rival. A pressão palmeirense resultava em chances frequentes, mesmo que pouco efetivas.

Aos 22 minutos, após escanteio cobrado por Piquerez, López subiu mais alto que todos e marcou o segundo gol do Palmeiras. Um novo golpe no emocional do time corinthiano, que já parecia entregue.

Mas o futebol, como tantas vezes provado, é uma caixinha de surpresas.

Mesmo sem consistência, o Timão teve lampejos. Pedro Henrique, em sua estreia, levou perigo em chute forte. Gustavo Mosquito tentava jogadas individuais pela direita. O Corinthians ganhava campo e, empurrado pela necessidade, pressionava de forma desordenada, mas valente.

Aos 42 minutos, Mosquito fez bela jogada e encontrou Yuri Alberto, que finalizou de primeira. A bola desviou e morreu no fundo das redes. 2 a 1. Um sopro de esperança.

Mas ela quase se esvaiu segundos depois.

Rony avançou com liberdade, ficou cara a cara com Cássio e acabou derrubado. O árbitro Raphael Claus expulsou o camisa 12, e o Corinthians, que já havia feito todas as substituições, precisou improvisar o zagueiro Gustavo Henrique como goleiro. Situação dramática.

E como se não bastasse, aos 50 minutos, Yuri Alberto levou joelhada de Murilo e saiu de maca, deixando o Timão com nove jogadores em campo.

Garro no ângulo, Gustavo no gol, Raniele no salvamento: o retrato da resistência

Mesmo com dois a menos e um zagueiro no gol, o Corinthians não se entregou. Rodrigo Garro, que já havia dado mostras de sua qualidade técnica ao longo da partida, se apresentou para cobrança de falta frontal, aos 52 minutos. Em chute perfeito, acertou o ângulo esquerdo de Weverton. Um golaço. Um hino à resiliência. Um grito de alma da Fiel: Corinthians 2 a 2.

O Palmeiras ainda teve a chance da vitória na última jogada. A bola sobrou para finalização dentro da área e Gustavo Henrique, improvisado no gol, aceitou. Mas Raniele, símbolo de garra e comprometimento, apareceu em cima da linha para evitar o gol e selar o empate épico. O apito final foi comemorado como uma vitória.

Análise tática e emocional: um Corinthians em busca de identidade

Se a atuação coletiva do Corinthians foi, durante boa parte do jogo, fraca e desorganizada, o que se viu nos minutos finais foi uma demonstração de algo que vai além do tático: o espírito. A entrega. O DNA da superação que acompanha a história do clube desde seus primórdios.

António Oliveira ainda procura seu time ideal. A saída de bola é lenta e vulnerável. A compactação defensiva é frágil. A ligação entre meio e ataque é inexistente por longos períodos. Mas há lampejos de talento em Garro, ímpeto em Mosquito e raça em Raniele. São nesses pilares que o treinador português terá de se apoiar para tentar construir uma equipe competitiva.

A situação no Paulistão ainda é delicada. O Corinthians precisa vencer seus próximos compromissos e torcer por tropeços dos adversários diretos. Mas o empate deste domingo, apesar de não resolver a matemática, pode significar muito mais em termos simbólicos: pode ser o ponto de virada emocional de um grupo que precisava reencontrar sua alma.

Próximo desafio: Copa do Brasil

O Corinthians volta a campo na quinta-feira, dia 21, pela primeira fase da Copa do Brasil. O adversário será o Cianorte, no Paraná, em confronto único. O jogo está marcado para às 20h.

Apesar das dificuldades no Paulistão, a estreia no torneio nacional representa a chance de reencontro com a vitória — e, quem sabe, com um novo rumo para a temporada.

Competição: Campeonato Paulista
Local: Arena Barueri, Barueri, SP
Data: 18 de fevereiro de 2024 (domingo)
Horário: 18h00 (de Brasília)
Árbitro: Raphael Claus
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis e Alex Ang Ribeiro
Árbitro de vídeo: Daiane Muniz dos Santos
Gols: Flaco López e Endrick (Palmeiras); Rodrigo Garro, Yuri Alberto (Corinthians)
Cartões amarelos: Gustavo Gómez, Murilo, Flaco López e Endrick (Palmeiras); Gustavo Henrique e Romero (Corinthians)
Cartão vermelho: Cássio (Corinthians)
Público: 29.647 pagantes (público total: 29.647)
Renda: R$ 1.557.484,00

PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Gómez (Naves), Luan, Murilo, Piquerez, Aníbal Moreno, Zé Rafael (Gabriel Menino), Richard Ríos (Fabinho), Flaco López (Rony) e Endrick (Jhon Jhon).
Técnico: Abel Ferreira

CORINTHIANS: Cássio; Fagner (Matheus França), Félix Torres, Gustavo Henrique e Caetano (Hugo); Raniele, Fausto (Biro) e Rodrigo Garro; Wesley (Pedro Henrique), Yuri Alberto e Romero (Gustavo Silva).
Técnico: António Oliveira

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