Corinthians perde mais uma, joga mal contra o Santos e afunda em crise no Paulistão 2024
Na noite desta quarta-feira, o Corinthians voltou a decepcionar seus torcedores ao ser derrotado pelo Santos, na Vila Belmiro, pelo placar mínimo de 1 a 0, em duelo válido pela sexta rodada do Campeonato Paulista 2024. A derrota no clássico não apenas ampliou a sequência negativa da equipe para cinco reveses consecutivos, como também escancarou uma crise técnica e emocional sem precedentes no início de temporada do clube alvinegro.
Sob o comando interino de Thiago Kosloski, após a demissão de Mano Menezes na segunda-feira, o Timão apresentou mais uma atuação apática, sem criatividade e repleta de erros primários, especialmente na construção de jogadas e organização defensiva. A ausência de ideias no setor ofensivo, a baixa produtividade coletiva e a passividade da equipe diante de um rival direto ligaram o sinal de alerta para o que promete ser uma longa e conturbada temporada.
Começo de jogo confuso e já preocupante
O jogo mal havia começado quando uma confusão em campo já demonstrou a tensão corinthiana. Após Maycon reclamar de falta dentro da área, se iniciou um tumulto entre os jogadores das duas equipes, resultando em cartões amarelos para Pedro Raul e Joaquim. O episódio sintetizou o descontrole emocional de um time que vive à flor da pele e que, dentro de campo, parece não ter convicção de suas funções.
Nos minutos seguintes, o Santos passou a ditar o ritmo da partida, aproveitando-se da desorganização corinthiana. Com toques rápidos e presença ofensiva, o time da casa logo encontrou espaços na marcação frouxa do Corinthians. A equipe do Parque São Jorge, por sua vez, se limitava a se defender e, mesmo quando recuperava a posse, não conseguia trocar três passes consecutivos sem errar.
Erro atrás de erro: um roteiro repetido
Aos 18 minutos do primeiro tempo, mais uma falha recorrente apareceu: a bola parada defensiva. Otero cobrou escanteio com perfeição na cabeça de João Schmidt, que testou firme para as redes. Cássio, como tem sido frequente, nada pôde fazer. Era o 1 a 0 no placar e mais um jogo em que o Corinthians sai atrás por desatenção coletiva.
Mesmo após o gol sofrido, o time não conseguiu apresentar uma resposta contundente. Wesley foi um dos poucos a tentar algo diferente. Em jogadas individuais, buscou a linha de fundo e chegou a arriscar de fora da área, forçando João Paulo a fazer uma boa defesa. Ainda assim, o Timão parecia desconectado, com meio de campo inoperante e ataque inexistente.
Garro e Romero tentavam criar algo no setor ofensivo, mas sem apoio consistente dos volantes e laterais, tudo se resumia a jogadas isoladas. O Corinthians parecia uma equipe sem repertório, sem planos B, C ou sequer um plano A funcional.
Segundo tempo: mais do mesmo
O intervalo não trouxe mudanças — nem táticas, nem anímicas. O Corinthians voltou para o segundo tempo com a mesma escalação e a mesma ineficácia. Em menos de um minuto, Caetano recuou mal para Cássio e Willian Bigode quase ampliou o marcador. O lance simbolizou mais uma vez a fragilidade do sistema defensivo, que beira o amadorismo.
Com o passar dos minutos, o Santos se acomodou e passou a administrar a vantagem. Ainda assim, o Corinthians não se impunha, não pressionava, não ameaçava. As substituições promovidas por Kosloski também não surtiram o efeito desejado. A entrada de Gustavo Mosquito no lugar de Romero e de Yuri Alberto por Wesley não mudou o panorama.
Mosquito até tentou alguns lances em velocidade, mas sem consistência e apoio, tornou-se presa fácil para a marcação santista. Garro e Rojas passaram a arriscar de longe, mais por desespero do que por estratégia.
Aos 25 minutos, Yuri Alberto, ex-jogador do Santos, teve uma rara chance ao arriscar de fora da área. A bola subiu demais e virou motivo de zombaria por parte da torcida rival. Era mais um retrato da má fase do atacante e, por consequência, da desorganização ofensiva do Corinthians.
Postura passiva e time sem alma
O ponto mais preocupante da atuação corinthiana foi, sem dúvida, a postura passiva do time. Mesmo atrás do placar, o Corinthians em nenhum momento exerceu pressão ou tentou empurrar o adversário contra sua área. O Santos trocava passes com tranquilidade, enquanto o Timão apenas assistia.
As entradas de Fausto Vera e Ryan nos minutos finais também não mudaram o panorama. Rojas teve a melhor chance do segundo tempo em uma cobrança de falta nos acréscimos, defendida por João Paulo. Na sequência, Garro ainda tentou de longe, mas novamente o goleiro adversário levou a melhor. Foram as duas únicas tentativas reais de empatar o jogo — ambas já nos acréscimos.
O apito final confirmou mais um tropeço. Um time sem alma, sem direção, sem confiança e, pior, sem futebol. A derrota por 1 a 0 escancarou todas as fragilidades de um elenco que, se não mudar drasticamente sua postura, corre sérios riscos de repetir campanhas desastrosas de anos anteriores — ou até piores.
Crise técnica e institucional
Com a quinta derrota consecutiva no Paulistão, o Corinthians vive seu pior início de estadual na era dos pontos corridos. A sequência negativa é um reflexo direto de escolhas equivocadas da diretoria, que insiste em mudanças tardias e apostas duvidosas, como a manutenção de Mano Menezes por tempo demais e agora a falta de pressa para contratar um substituto.
Thiago Kosloski, claramente, não tem a experiência necessária para reorganizar o time neste momento de crise. A diretoria parece anestesiada diante da má fase, e os jogadores demonstram um abatimento preocupante, como se já não acreditassem em uma possível virada de chave.
Enquanto clubes como o Santos tentam se reerguer com planejamento e intensidade, o Corinthians coleciona fracassos dentro e fora de campo. O reflexo disso tudo está nas arquibancadas: a torcida já não esconde sua frustração, cobrando jogadores e dirigentes em redes sociais e prometendo protestos.
Próximo compromisso
O Corinthians volta a campo no próximo domingo, às 16h, contra a Portuguesa, na Neo Química Arena. Diante de sua torcida e com a obrigação de vencer, o Timão terá uma última chance de mostrar sinais de recuperação antes que a crise se agrave ainda mais.
No entanto, mais do que os três pontos, a Fiel Torcida espera ver um time com atitude, com entrega, com espírito competitivo. Porque o que se viu nesta quarta-feira na Vila Belmiro foi um Corinthians irreconhecível — e isso é inadmissível para a grandeza do clube.
Classificação atualizada do Corinthians no Paulistão 2024:
- Rodadas disputadas: 6
- Vitórias: 1
- Empates: 0
- Derrotas: 5
- Gols marcados: 3
- Gols sofridos: 10
- Aproveitamento: 16,6%
- Posição no grupo: Lanterna
- Posição geral: 15º lugar (primeiro fora da zona de rebaixamento)
Ficha técnica
Competição: Campeonato Paulista
Local: Urbano Caldeira, Santos, SP
Data: 07 de fevereiro de 2024 (quarta-feira)
Horário: 19h30 (de Brasília)
Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza
Assistentes: Alex Ang Ribeiro e Fabrini Bevilaqua Costa
Árbitro de vídeo: Vinicius Furlan
Gol: João Schmidt (Santos)
Cartões amarelos: Joaquim e Diego Pituca (Santos); Fagner, Romero, Pedro Raul e Ryan (Corinthians)
Público: 13.861 torcedores
Renda: R$ 883.595,00
SANTOS: João Paulo; Gil, Hayner, Aderlan, João Schmidt, Joaquim, Otero (Pedrinho), Diego Pituca (Rincón), Willian (Morelos), Cazares (Nonato) e Guilherme (Marcelinho).
Técnico: Fábio Carille
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Félix Torres, Caetano e Hugo (Fausto); Raniele (Ryan), Maycon e Rodrigo Garro; Wesley (Yuri Alberto), Romero (Gustavo Silva) e Pedro Raul (Matías Rojas).
Técnico: Thiago Kosloski
Abaixo os melhores momentos da partida